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FAÇA UMA ESCOLHA
Azul:
Marco Puto
Vermelho:
Marco viado
Capítulo Um: Poltergeist
Anormalidade excessiva era o que a família Mason desfrutava desde seus antepassados. Mãe solteira, severa, dedos grossos, gorducha, crespos cabelos sombrios e lábios carnudos, a sra. Laura responsabilizava-se por seus dois problemáticos filhos adotivos: Os gêmeos Alfred e Rose. Cabeçudo, tímido, magricela, medroso, ossudo e baixo, Alfred possuía a reputação de um garoto desiquilabrado que afirmava receber a visita de uma entidade durante as incessantes madrugadas de insônia;

Já Rose Manson orgulhava-se de ser o contrário do irmão; rebelde, alta, negros e curtos cabelos, corajosa e possuinte de um amplo azar, era reputada como mal exemplo; tendo sido expulsa de 3 escolas, Rose associava-se com os outros “cassos irrecuperáveis” de seu bairro.

Os cabelos, olhos e roupas pretas já eram um padrão dos Manson. A casa conservava um desagradável aroma de folhas de chá velhas, odor que claramente enxotava visitantes da vizinhança; ou crianças bisbilhoteiras que tentassem buscar seja qual for a prova de que a família retesse convívio com bichos-papões e vampiros.

Era tarde de sábado em West Coast, jazia por toda a vila a sufocante quentura de verão. No parque, as crianças cediam um intervalo nos esportes para repousarem sob as árvores locais, ainda que as sombras emitidas pelas folhas não obtivessem sucesso em sanar o calor demasiado. Murchado e morto, o gramado do ambiente dissolvia-se confrome os presentes os apertavam; o verão extraía drasticamente o encanto verde que o parque proporcionava a quem nele optava por passear.

Não entendo porque precisamos ficar distanciados dos outros. — a voz estressada e rouca de Rose Mason rompeu o silêncio estabelecido entre ela e o irmão. — Estão todos lá próximos dos brinquedos, pra que ficarmos em baixo da árvore mais distante de todos? — questionava, impaciente, ajeitando o corpo em uma confortável posição para contemplar as nuvens vagorosas.

Rose e Alfred Mason aconchegavam-se sob a mais alta e distante árvore do parque. Deitados, dois montes de folhas mortas confortavam os gêmeos enquanto os mesmos contemplavam a imensidão limpa acima deles. Os extensos galhos impediam um choque desagradável entre seus olhos com a cintilância dos raios solares, proporciando a eles a mais rica vista do céu.

Não gosto de estar com os outros. Assim como eles não nos desejam. — a resposta do irmão veio acompanhada de um tom repleto de indiferência, ao mesmo tempo que Alfred despedaçava uma folha em suas mãos.

Rose guardou os sentimentos para si. Cessou a encarada ao rosto pálido do irmão e voltou à contemplação do céu. Com esforço, negava o que Alfred dizia, mas havia verdade em suas palavras. Fora os marginas com quem mantém conversas, as outras pessoas não fazem questão de sua companhia. A frustração atingiu sua cabeça tão fortemente que foi impossível não emitir um gemido de raiva. Gostaria de estar aproveitando da melhor forma seus 13 anos; estando ao lado de outros adolescentes, marcando momentos e atingindo uma verdadeira felicidade. Mas não podia evitar a encrenca, que batia em sua porta apesar do empenho em contê-la. E as pessoas têm medo do anormal, pensou para si.

Me sinto um pássaro aprisionado. — cortando a ligeira quietude chegada, Rose começara a falar. — Um pássaro sem asas que se mantém preso em sua gaiola, observando as outras aves voarem em bando no encantador céu azul. — disse, mais para si que para o irmão -este que continuou a despedaçar as folhas em sua mão-

Um pássaro que já cobriu toda a escola com uma sombra?

Rose riu assim que as memórias lhe bombardearam. Aos 10 anos havia, sem querer, esticado uma sombra, fazendo-a ficar em volta de toda a construção da escola em que estudava. Se metera em uma grande encrenca após tal acontecimento, apesar de não saber explicar como tudo havia ocorrido. As expressões de pânico lançadas em sua direção, que outrora lhe perturbavam, agora meramente a divertiam.

Ao menos a minha sombra não atacou um colega de classe. — sucedeu com um sorriso de prazer lhe escapando e se espalhando por todo sua face. Alfred não gostava de aprofundar-se em suas memórias de episódios catastróficos envolvendo a anormalidade.

Eu sinto vergonha desse dia, okay? — Albert finalmente deixou de contemplar o o céu para fitar o rosto da irmã. Abafava um riso enquanto relembrava o pequeno incidente. Tal impreviso havia ocorrido em seus 8 anos de idade. Era pressionado pela professora por ter pintado com as cores erradas o desenho distribuído à classe. Em momento de pavor, sua sombra saltou do chão e derrubou o colega ao seu lado. — E foi você que atiçou corvos contra a casa de Cassidy, se esqueceu?

Lembra como todo mundo lá dentro se apavorou após a invasão dos pássaros? — Rose ria. — As penas voavam para tudo quanto é lado e tinha vizinho aplaudindo o ataque. — ambos lembravam-se nítidamente da respectiva ocasião. Aos 6 anos, Rose discutia por uma boneca com uma ex-vizinha, Cassidy. A fúria aponderou-se por toda suas entranhas após levar um tapa, e quando se deu por conta, corvos voavam para dentro da casa da menina em questão, derrubando seus objetos e apavorando seus moradores.

Imediatamente a tristeza e culpa substituiram as gargalhadas dos gêmeos. Apesar de terem vivenciado situações cômicas, todas se estendiam com anormalidades. Tais cenas sempre deixavam ambos abatidos depois de um tempo. Eram aquelas coisas que distanciavam os outros deles. Não se é agradável depois de um momento de reflexão; Alfred desculpava-se inutilmente enquanto Rose apenas fingia não ter executado nada. Apesar de reações diferentes, tanto o garoto quanto a garota eram consumidos pelo forte desejo de ser normal.

Um suspiro de aptidão e então as duas mãos pálidas se juntam enquanto os olhos negros voltam a encarar a imensidão azul.
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